O que vou dizer aos meus netos?

Por opção de vida, você escolheu ser eternamente jovem.
Resolveu dedicar sua vida para se tornar um grande profissional. Resolveu estudar e fez tudo que pode para se tornar um profissional renomado e bem sucedido.
Não quis se prender a ninguém por que sua liberdade de escolha te fez um ser mais criterioso do planeta, e por ser quem tu és, achar alguém que comporte seu estilo de vida tornou-se mais difícil que achar príncipe em balada.
Entretanto, mesmo sendo uma pessoa bem sucedida, com uma carreira estável, um bom carro, um guarda-roupas espetacular e ter muitos amigos, percebe que é o ser mais insignificante e solitário do mundo. Mas nada que uma viagem para o exterior para espairecer.
Porém, de repente se depara com esse tipo de questão... Ao vasculhar a internet com seu computador mega-sônico, eis que encontra um relato que mexe com todas as questões que esse tempo todo você fez questão de empurrar pra baixo do tapete: o relato contava todas as peripécias da juventude de um homem, onde ele, com seus 50 anos, descrevia aos seus netos aquilo que passou durante as “boas fases da sua vida”.
Portanto ocorre o questionamento inevitável. E eu?
Cinqüenta e poucos terei daqui poucos anos e talvez nem tenha filhos... Imagina netos? E dá aquele invejinha do ser que escreveu o tal relato, afinal ele terá alguém pra contar algo... ou alguém a fim de saber algo sobre a vida dele. A situação ainda pode piorar se seus filhos resolvem ser jovens eternamente tanto quanto seus pais...
As escolhas são difíceis... e o pensar nas conseqüências tornam-se cada vez mais cruel... Principalmente quando se lembra daquela “tia”, irmã do primo da sua mãe, que era meia lélé e morava sozinha num casão estranho... E quando te via no natal te contava umas histórias estranhas e sem nexo...
Aquilo, que era passado, mas pode virar futuro... e o sujeito pode ser você.
As escolhas tem sempre seu lado sombrio.

Ainda bem, que eu aqui com meus trintinha, ainda sou jovem demais pra pensar nisso...